quinta-feira, 31 de maio de 2007

Organização Sindical no RN após a Revolução de 1930


Organização Sindical no RN após a Revolução de 1930
organizacao-p.htmorganizacao-p.htm (Por Aristóteles Estevam de Medeiros Filho – Aluno do período 99.1) Café Filho, perseguido pelos oligarcas da República Velha, militava no movimento sindical do Estado. Mas por perseguição do governo Juvenal Lamartine, tem que se refugiar no vizinho Estado da Paraíba.
Articulador da Revolução de 30 na Paraíba, na volta ao RN como a Revolução vitoriosa cria grande expectativa junto ao operariado, vez que, conforme se presumia, Café Filho iria dar amplo apoio àquela classe. Até mesmo o PCB mostrava-se confiante na volta do antigo líder da classe sindical do Estado.
Porém, as coisas começam a modificar-se. Café, perseguido implacavelmente pelos conservadores oligárquicos do governo anterior, passa de "caça ao caçador". Apoiado no Decreto Federal n.º 19.770, que controlava a criação e funcionamento dos sindicatos (era preciso uma espécie de autorização para o seu funcionamento), Café Filho, real representante dos ideais de controle dos trabalhadores varguistas, impede e nega, mesmo sendo diversas vezes requerido, autorização para que outras tendências sindicais - ligados ao PCB - consigam autorização para o funcionamento dos sindicatos que não recebessem orientação cafeísta e não comungassem com a política de Getúlio Vargas.
O sindicalismo norte-rio-grandense seria polarizado entre os que seguiam Café e os que apoiavam os comunistas. No entanto, somente os cafeístas adquiriram a "legalidade" para o funcionamento de seus sindicatos. Criam-se, portanto, os sindicatos independentes que funcionam basicamente na ilegalidade e que são escorados na União Geral do Trabalhadores, que dava suporte e que aglutinava os trabalhadores dos diversos ramos do Estado, com tendência comunista.
Neste sentido, Mossoró, cidade eminentemente comercial e salineira, e que absorvia uma mão-de-obra que oscilava ente 5 a 8 mil trabalhadores, é palco da mais alta organização sindical do Estado, onde os trabalhadores, seguindo a orientação do PCB ampliam essa organização por diversos municípios da região Oeste. O surgimento dos sindicatos de Mossoró e outras cidades próximas decorreu do próprio movimento comunista.
Portanto, o que podemos perceber é que a organização sindical que estivesse marginal ao decreto seria violentamente reprimida por Café Filho. Foi o caso do "Sindicato do Garrancho" - movimento sindical obrigado a reunir-se clandestinamente em lugares ermos, daí seu nome.
A perseguição aos sindicatos comunistas acentuou-se, ao ponto da organização começar a discutir o destino a ser seguido. Começam a aparecer rumores da existência de um movimento sob a liderança de PCB nacional, que pretendia, através da força, destituir o Presidente Vargas. Decide-se então, aqui na região de Mossoró, que o PCB, independentemente da orientação regional, desse início a um movimento guerrilheiro como ação preparatória ao movimento de insurreição nacional, que amadurecia. Era o início da guerrilha no vale do Açu. (Ver A Guerrilha do Açu).
A greve dos operários da estrada de ferro de Mossoró, que reivindicavam aumento de 100%, incita outras categorias, especialmente os salineiros de Mossoró e Macau, que também aderem ao movimento. Os empresários, temendo que o movimento considerado de caráter extremista ganhasse proporções maiores, atendem os pleitos apresentados.
Esse seria o primeiro ato do dramático Levante Comunista de 1935.
Favor citar da seguinte forma:
MEDEIROS FILH0, A E. de. Organização sindical no Rn, após a Revolução de 1930. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Referências Bibliográficas
COSTA, Homero de Oliveira. A insurreição Comunista de 1935: Natal o primeiro ato da tragédia. São Paulo: Ensaio; Rio Grande do Norte: Cooperativa Cultural Universitária do RN, 1995.
FERREIRA, Brasília Carlos. O Mundo do Trabalho. In:____. Trabalhadores, sindicatos e cidadania. São Paulo. Estudos e Edições Ad homenem: : Natal. Cooperativa Cultural da UFRN, 1997. Pp. 211-223.

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