segunda-feira, 29 de outubro de 2007

COMO TRABALHAR O FILME "TROPA DE ELITE" EM SALA DE AULA!



http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=ensinar_e_aprender.turbine_principal




Tropa de Elite
Disciplina: História, Ciências, Matemática, Língua Portuguesa/Literatura, Geografia Ciclo: Ensino MédioAssunto: Corrupção, drogas, violência, juventudeTipo: Filme

A proposta a seguir é um desafio. Não no sentido de competição, evidentemente, mas de incitamento e provocação. O objetivo é estimular o professor a exercitar uma prática, infelizmente, nada comum nas escolas: a pesquisa de opinião. É também uma provocação, na medida em que se tira das mãos do professor o controle sobre o processo e o resultado da pesquisa, que é repassado aos alunos e às alunas. Ou seja, embora sua presença seja absolutamente fundamental em cada um dos momentos da pesquisa, não é o professor, sozinho, quem deve decidir os rumos que ela vai tomar.
Clique aqui e saiba por que trabalhar o filme
O que se espera desse trabalho pedagógico é que você, professor, não seja um "transmissor de conteúdos", mas sim um mediador das relações que se estabelecerão a partir da atividade a ser realizada. Por quê? Por uma razão muito simples: a dimensão do tema proposto. Embora as ciências biológicas e jurídicas, por exemplo, há muito tempo tenham se posicionado em relação ao uso das drogas e, portanto, tenham muito a dizer a esse respeito, os negócios com produtos ilícitos aumentaram de tal forma – uma vez que muitos jovens entraram no jogo – que se esperam outras abordagens sobre o assunto.Quer dizer: se tem oferta crescente é porque há procura crescente. Seja por mera curiosidade, seja por necessidade de se sentir respeitado pelos amigos, seja por dependência química de tais produtos, o fato é que o tema das drogas não pode ser ignorado. Ao contrário, precisa ser encarado pela escola como um todo e, particularmente, por você, que todos os dias tem, bem à sua frente, adolescentes e jovens atentos não somente em saber o que você pensa sobre as coisas em geral, mas, sobretudo, como se comporta perante aquelas que, como as drogas, atingem tantas pessoas.
Sendo assim, ao que parece, restam duas opções. Ou o professor se apresenta com um discurso elaborado à base do pode-não-pode, do certo ou errado, do deve ou não deve, e, decididamente, contribui para que a conversa se encerre aí, mantendo uma perspectiva puramente moralizante; ou é suficientemente corajoso para levar para a sala um tema que, por envolver a todos, se constitui num problema social. Neste caso, certamente, você estará colaborando para que os alunos possam manifestar o que sentem e pensam sobre o assunto e, com base nisso e no que você tem a dizer, decidam o que querem para si mesmos e para os outros.
Propomos, então, que você, convencido pelas razões que justificam a segunda opção, adote os seguintes procedimentos, que duram cerca de um mês ou oito horas-aula:
1. Assista ao filme junto com seus alunos.
2. Em sala de aula, peça que cada um dos grupos discuta um aspecto abordado pelo filme. Exemplos:
drama vivido pelo Capitão Nascimento: estressado pela guerra diária do BOPE e profundamente humano com a morte de um garoto do morro e com o nascimento do filho;
características pessoais de Neto e Matias, candidatos à substituição de Nascimento no comando da Tropa de Elite;
significado do lema da Tropa: “faca na caveira e nada na carteira”.
3. Na aula seguinte, prepare a turma para uma pesquisa de opinião. Esta é, seguramente, uma das formas mais interessantes dos nossos alunos produzirem conhecimentos. Com base no levantamento e na discussão dos aspectos do filme, proponha a escolha de um deles para ser o objeto da pesquisa. Após a definição do tema, é preciso seguir alguns passos:
cada aluno ou cada grupo de alunos deve elaborar 5 perguntas e 3 alternativas de respostas sobre o tema;
oriente-os para que as questões sejam extremamente objetivas, isto é, tanto perguntas quanto respostas não podem dar margens a interpretações diferentes do que o pesquisador quer saber. Em geral, eles participam ativamente desse momento, buscando as palavras mais adequadas que deverão constar do questionário; exemplo:
Você é a favor da descriminalização da droga?a) Simb) Nãoc) Não sei
promova um debate para que cada um ou cada grupo possa apresentar as questões elaboradas, justificando-as e submetendo-as à apreciação dos colegas; se for o caso, encaminhe um processo de votação para escolher as 5 questões mais bem formuladas para serem posteriormente aplicadas;
decida com a turma o universo da pesquisa, isto é, quantas pessoas serão convidadas a responder as perguntas elaboradas pelos alunos; convém lembrá-los que nem sempre a pessoa abordada está disposta, tem interesse ou aceita ser entrevistada – atitude que deve ser inteiramente respeitada pelo entrevistador;
prepare com eles o cabeçalho da folha de pesquisa; a ficha deve conter somente:
Título (Pesquisa sobre....)Local e data de sua realizaçãoIdade e sexo do entrevistado ou entrevistadaNome do pesquisador Cinco perguntas com as respectivas alternativas;
solicite que um deles digite a folha de pesquisa e combine com a turma a distribuição das cópias da ficha padrão para cada aluno;
oriente-os para que sejam respeitosos e corteses com os entrevistados.
4. Não é preciso mais do que uma semana para que os alunos dêem conta dessa tarefa que, acreditem, será muito prazerosa para eles e para você também.
Diga a eles que, após terem feito individualmente as pesquisas, devem também tabular os dados. Para tanto é necessário, primeiro, que anotem o número total de entrevistados. Depois, para cada uma das 5 perguntas
quantos responderam alternativa A
quantos responderam alternativa B
quantos responderam alternativa C
Com esses dados, e aplicando a regrinha de três, é possível transformar em gráfico os resultados da pesquisa.
Tanto a coleta quanto a tabulação dos dados são atividades que podem ser (aliás, convém que sejam) realizadas fora do horário das aulas. Para a tabulação dos dados e apresentação em gráfico da pesquisa, oriente-os para que, caso seja necessário, busquem apoio de outros professores, de familiares e de amigos.
5. No seu próximo encontro com a turma, sugira que formem grupos de 5 alunos e, a partir dos gráficos elaborados individualmente, seja feito um outro, agora do grupo, para ser apresentado a todos os colegas. Após as apresentações, é sua vez de, junto com eles, preparar o resultado final da pesquisa.
6. Serão necessários ainda, pelo menos, dois encontros para finalizar essa proposta de produção de conhecimentos. Primeiro, para discutir o processo da pesquisa, é muito importante que você dê espaço para que os alunos contem como tudo aconteceu, o que sentiram e pensaram ao prepararem e realizarem a pesquisa, as abordagens e reações dos entrevistados, as dificuldades encontradas, as situações engraçadas que vivenciaram etc.
Depois, com o resultado final da pesquisa devidamente tabulado, é hora de provocá-los para que, individualmente e em grupos, tentem interpretar as respostas. Peça a eles que produzam pequenos textos opinativos sobre o tema da pesquisa, comparando e citando os percentuais obtidos.
Depois dessa empreitada, que sem dúvida alguma será muito gratificante para você, é importante que você se esforce em tornar públicos os resultados da pesquisa. Importantíssimo para os seus alunos, que terão o trabalho reconhecido e; claro, para você, que ousou coordenar uma atividade cujos resultados são socialmente tão significativos.
Que o maior número de pessoas tenha acesso a essa verdadeira produção de conhecimentos não somente é desejável, mas fundamental para que a sociedade tenha uma oportunidade real de saber mais sobre si mesma. Veja algumas sugestões.
Referência
Tropa de Elite, de José Padilha. Brasil, 2007, 118 minutos
Conta o dia-a-dia de policiais do BOPE – (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Querendo deixar a corporação, o capitão do batalhão tenta encontrar um substituto para seu posto. Ao mesmo tempo, dois amigos de infância se tornam policiais e se destacam pelo modo honesto e honrado de realizar suas funções, não se conformando com a corrupção na qual estão envolvidos tanto os seus iguais quanto os seus superiores. A classificação do filme é 16 anos.
Assista a trechos do filme
Texto Original: Donizete Soares
Edição: Equipe EducaRede

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

QUANTO GANHA O PROFESSOR DA REDE ESTADUAL EM TODOS OS ESTADOS!


Os professores em início de carreira na rede estadual do Rio Grande do Sul recebem o sétimo mais baixo salário entre todos os estados brasileiros. Com valor equivalente a R$ 5,39 por hora, os educadores gaúchos estão a frente apenas dos colegas de Sergipe (R$ 5,27), Pará (R$ 5,08), Santa Catarina(R$ 4,93), Piauí(R$ 4,62), Ceará (R$ 4,46) e Pernambuco(R$ 3,03). Os valores dos salários foram fornecidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).O ranking dos salários do país mostra que o Acre lidera a lista dos Estados que pagam melhor seus professores em início de carreira, seguido por Roraima, Tocantins, Alagoas e Mato Grosso. São Paulo vem em oitavo lugar, apesar de ter o maior Orçamento do país. Pernambuco tem o pior salário. O Acre é administrado pelo petista Binho Marques, que sucedeu o também petista Jorge Viana.Os professores em início de carreira da rede estadual paulista recebem salário 39% menor do que os do Acre. Enquanto um docente com formação superior e piso inicial de São Paulo ganha R$ 8,05 por hora, o colega acreano recebe R$ 13,16. Se levado em conta que o custo de vida lá é menor, a diferença aumenta para 60%.A remuneração acreana, porém, ainda não é a ideal para especialistas. "O baixo salário dos docentes é uma questão histórica no país. Basta ver o de outros países da América Latina, como Chile e Argentina, que são maiores", afirma Célio da Cunha, assessor especial da Unesco no Brasil. Para ele, o salário baixo é uma das explicações para a má qualidade do ensino. "Um salário justo motiva os professores."O salário um pouco melhor no Acre começa a dar resultado. Prova disso pode ser a análise do Saeb (exame do MEC que avalia estudantes), divulgada em fevereiro. Na comparação entre 2003 e 2005, o Acre foi onde as médias dos alunos de 4ª série mais evoluíram. Em português, houve aumento de 13,8 pontos (de 156,2 para 170). Já São Paulo melhorou 1,1 ponto (de 176,8 para 177,9)."Um docente bem pago trabalha melhor, sem dúvida", diz a professora da Faculdade de Educação da USP Lisandre Maria Castello Branco. Para ela, os governos continuam mais preocupados em melhorar a estrutura das escolas do que em investir no docente.No Acre, os professores se organizaram para pressionar o governo, que criou um plano de carreira. "Houve também uma reorganização que tirou docentes de funções burocráticas e os colocou na sala de aula, permitindo melhor uso dos recursos", diz Mark Clark Assem de Carvalho, da Universidade Federal do Acre. A maioria é formada no Estado e não há falta de docentes. Mas eles reclamam de salas lotadas.Em São Paulo, a situação se agrava se levado em conta o custo de vida. Um professor que trabalha 120 horas por mês (30 por semana) tem salário de R$ 966 e consegue comprar 4,9 cestas básicas. Já o do Acre recebe R$ 1.580 e compra 12,6. Ou seja, a diferença do salário/ poder de compra chega a 60%.Para comparação, a reportagem considerou a cesta básica de setembro. A paulista tinha 13 itens e custava R$ 194,34. A do Acre -com um item a mais, a carne de frango-, R$ 124,47.A secretária de Educação da gestão José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro, não deu entrevista sobre o assunto. Sua assessoria pediu que fosse procurada a Secretaria de Gestão, responsável pelos salários dos docentes. Esta também não se pronunciou.A única explicação dada pela Educação foi a de que, em São Paulo, os professores já iniciam a carreira recebendo gratificações. Mas no Acre, assim como em boa parte dos Estados, também é assim. Para calcular os salários por Estado, nenhuma gratificação foi contabilizada, pois a maioria pode ser cancelada e não é incorporada no cálculo da aposentadoria.O levantamento considerou o piso inicial de um professor estadual com licenciatura plena (ensino superior). Conforme a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), 25% dos docentes do país estão em início de carreira. Em São Paulo, segundo a secretaria, são 26%.Os salários foram fornecidos pela CNTE, e a reportagem procurou todos os Estados para checar as informações. Dezessete retornaram o contato. Quatro tinham dados diferentes (BA, PE, PR e SP), que foram corrigidos para o cálculo.Salário de mestreQuanto ganha o professor da rede estadual no país (em horas).

Acre - R$ 13,16Roraima - R$ 12,89Tocantins - R$ 12,62Alagoas - R$ 10,46Mato Grosso - R$ 9,04Rio de Janeiro - R$ 8,78Amazonas - R$ 8,31São Paulo - R$ 8,05Paraná - R$ 7,53Rio G. do Norte - R$ 7,23Maranhão - R$ 7,23Goiás - R$ 6,77Amapá - R$ 6,71Paraíba - R$ 6.65Rondônia - R$ 6,47Espírito Santo - R$ 6,44Minas Gerais - R$ 6,25Bahia - R$ 6,14Distrito Federal - R$ 5,77Mato G. do Sul - R$ 5,65Rio G. do Sul - R$ 5,39Sergipe - R$ 5,27Pará - R$ 5,08Santa Catarina - R$ 4,93Piauí - R$ 4,62Ceará - R$ 4,46Pernambuco - R$ 3,03

* O salário foi calculado com base no piso inicial de um professor com licenciatura plena (formado no ensino superior)* Gratificações - Nenhuma gratificação foi considerada e, em casos de salário inicial diferente de acordo com a etapa de ensino (fundamental ou médio) foi levado em conta o menor* Fonte: os dados foram fornecidos pela CNTE, e a Folha procurou todos os estados para checá-los. Apenas 17 deles, porém, retornaram o contato. O MEC não possui levantamento sobre salários dos professores no país.

Literatura Infantil e Festival de Cordel na Feira do Livro!



Publicado no Dia 24/10/2007

Literatura infantil será um dos temas abordado hoje na Feira do Livro de Mossoró, evento que chega à terceira edição com número recorde de participantes. A solenidade de abertura, ocorrida na noite de ontem, contou com grande participação popular que lotou o Circo da Luz durantes o lançamento oficial do evento.A apresentação do grupo de dança do Colégio Diocesano Santa Luzia e da poetisa, cantora, escritora e atriz Elisa Lucinda foram as grandes atrações da noite de abertura. Nas apresentações culturais ocorridas ontem foi destacada também a participação de um grupo de estudantes da Faculdade Mater Christi que fizeram uma encenação baseada em texto de Elisa Lucinda, convidada especial da noite.A Feira do Livro de Mossoró prossegue até domingo (28) com uma programação que inclui: oficinas, palestras, cinema, apresentações culturais e a comercialização de livros. Neste ano, 43 estandes foram montados contando com a participação das mais importantes editoras de livros do país. Um dos destaques locais é a participação da Editora Queima- Bucha de Mossoró, que está com uma programação voltada para a literatura de cordel com a comercialização de títulos de autoria de cordelistas da terra.A programação cultural de hoje será marcada por um Festival de Cordel que contará com a presença do poeta imortal da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) Antônio Francisco e violeiros. Antecedendo o festival de cordel se apresentarão os grupos de dança da Apae e da U.E.I Maria das Dores Almeida e o coral composto pelas mães da Apae.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

PARA REFLEXÃO!





http://melhorart.blogspot.com/




"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro..."
Leia sua intensa Biografia aqui:

A Casa - A Escola
Rubem Alves

Uma professora me escreveu pedindo-me que eu lhe desse algumas dicas sobre como despertar o interesse dos seus alunos sobre a sua matéria. Sua pergunta brotava do seu sofrimento. Preparava suas aulas como havia aprendido nas aulas de didática - mas a sua aula não era capaz de seduzir a imaginação dos seus alunos. Numa situação como essas o mais fácil e o mais comum é culpar os alunos: eles são indisciplinados, não querem aprender, são psicologicamente incapazes de concentrar a atenção. Essa professora não culpava os alunos. Culpava a si mesma. Devia haver algo de errado em suas aulas para que os alunos não prestassem atenção.Uma aula é como comida. O professor é o cozinheiro. O aluno é quem vai comer. Se a criança se recusa a comer pode haver duas explicações. Primeira: a criança está doente. A doença lhe tira a fome. Quando se obriga a criança a comer quando ela está sem fome, há sempre o perigo de que ela vomite o que comeu e acabe por odiar o ato de comer. É assim que muitas crianças acabam por odiar as escolas. O vômito está para o ato de comer como o esquecimento está para o ato de aprender. Esquecimento é uma recusa inteligente da inteligência. Segunda: a comida não é a comida que a criança deseja comer: nabo ralado, jiló cozido, salada de espinafre... O corpo é um sábio. Etimologicamente a palavra sábio quer dizer "eu degusto". O corpo não é um porco que come tudo o que jogam para ele, como se tudo fosse igual. Ele opera com um delicado senso de discriminação. Algumas coisas ele deseja. Prova. Se são gostosas, ele come com prazer e quer repetir. Outras não lhe agradam, e ele recusa. Aí eu pergunto: "O que se deve fazer para que as crianças tenham vontade de tomar sorvete?" Pergunta boba.Nunca vi criança que não estivesse com vontade de tomar sorvete. Mas eu não conheço nenhuma mágica que seja capaz de fazer com que uma criança seja motivada a comer salada de jiló com nabo. Nabo e jiló não provocam a sua fome.As crianças têm, naturalmente, um interesse enorme pelo mundo. Os olhinhos delas ficam deslumbrados com tudo o que vêem. Devoram tudo. Lembro-me da minha neta de um ano, agachada no gramado encharcado, encantada com uma minhoca que se mexia. Que coisa fascinante é uma minhoca aos olhos de uma criança que a vêem pela primeira vez! Tudo é motivo de espanto. Nunca estiveram no mundo. Tudo é novidade, supresa, provocação à curiosidade.Visitando uma reserva florestal no Espírito Santo a bióloga encarregada de educação ambiental me contou que era um prazer trabalhar com as crianças. Não era necessário nenhum artifício de motivação. As crianças queriam comer tudo o que viam. Tudo provocava a fome dos seus olhos: insetos, pássaros, ninhos, cogumelos, cascas de árvores, folhas, bichos, pedras.
Alberto Caeiro disse que foram as crianças que o ensinaram a ver. Disse que a criança que o ensinou a ver era Jesus Cristo tornado outra vez menino: "A mim ensinou-me tudo. / Ensinou-me a olhar para as coisas. / Aponta-me todas as coisas que há nas flores. / Mostra-me como as pedras são engraçadas / Quando a gente as tem na mão / E olha devagar para elas./Quando eu era jovem e não sabia que os olhos das crianças eram diferentes dos olhos dos adultos eu ficava bravo com meus filhos quando a gente viajava. Eu olhava para fora do carro e ficava deslumbrado com cenários que via: montanhas, lagos, florestas. Queria que eles gozassem aquela beleza. Mostrava para eles, e era como se ela não existisse. Eles nem ligavam. E eu ficava com raiva. "Como podem ser insensíveis a tanta beleza?"Eu não sabia que os olhos das crianças não tem fome de coisas que estão longe. Os olhos das crianças têm fome de coisas que estão perto. As crianças querem pegar aquilo que vêem. Cenários não podem ser pegos com a mão. Quando são bem pequenas elas olham, pegam, e levam à boca: querem comer, sentir o gosto da coisa. O bichinho de que gostam é aquele que elas podem acariciar, colocar no colo: o coelhinho, o cachorrinho, o gatinho. Nunca vi crianças com interesse especial por peixes em aquários. Peixinhos não podem ser agradados, não podem ser colocados no colo. E nem por pássaros. A menos que os pássaros possam ser agradados. Conheço uma menina que tinha como seu bichinho de estimação uma galinha. Mas a galinha dela era diferente: vinha quando era chamada e gostava de ser agradada.Todos os objetos que podem ser pegos com a mão são brinquedos para as crianças. E por isso elas gostam deles. Estão naturalmente motivadas por eles. Querem comê-los. Querem conhecê-los. Com sete anos de idade tive a minha primeira experiência fracassada com a engenharia mecânica. Secretamente desmontei o relógio de pulso de minha mãe. Infelizmente não consegui juntar as engrenagens de novo. Com sete anos eu sabia que os objetos são interessantes e que a gente os conhece não de longe, mas mexendo neles, desmontando e montando.Para mim esse é um princípio fundamental da aprendizagem: a fome de aprender acontece na fronteira entre o corpo e o ambiente. As crianças não se interessam por montanhas, lagos e florestas porque estão longe dos seus braços. Mas têm prazer em subir em árvores, apanhar frutas, descobrir ninhos, brincar nos remansos, pescar.
As crianças se interessam por objetos com os quais os seus corpos podem estar em contacto, que podem ser manipulados. Elas não têm um interesse natural por operações matemáticas abstratas. Mas se estão vendendo pipas na feira, elas se interessam logo por somar e diminuir para contabilizar preços e trocos. E que dizer da forma como elas aprendem a falar, coisa mais assombrosa não existe! Elas não aprendem a falar abstratamente. Aprendem os nomes dos objetos e das pessoas ao seus redor, os verbos que indicam as atividades que fazem. Quando a criança diz "mamãe" ela está chamando para si um objeto querido. A princípio, toda palavra é uma invocação. Aí elas vão para as escolas. Aí a aprendizagem sai da vida e passa para os programas. Programas são séries de conhecimentos organizados abstratamente numa ordem lógica. Mas a ordem dos programas, por terem sido preparados abstratamente, não segue a ordem da vida. Aparece então o descompasso. O que elas têm de aprender não é aquilo que o corpo delas quer aprender, pela simples razão de que a vida não segue programas. Aí surge a pergunta: como motivá-las a comer nabo e jiló? Vocês podem imaginar como é que se ensinaria uma criança a falar, seguindo-se um programa? Ela não aprenderia nunca. Não gosto de laboratórios nas escolas. Sua função não é ensinar ciência. Sua função é seduzir os pais. Os pais querem sempre o melhor para os seus filhos e o que é moderno deve ser melhor. Uma escola que tem laboratórios com aparelhinhos deve ser uma boa escola. Mas os laboratórios, antes que os estudantes entrem nele, já ensinaram uma coisa fatal para a inteligência científica: que ciência é algo que acontece dentro daquele espaço. A ciência não começa com aparelhos. Ela começa com olhos, curiosidade e inteligência. Sonho com uma escola que tenha a casa de morada da criança como seu laboratório. A casa é o seu espaço imediato. Ela está cheia de objetos e ações interessantes. Pensar a casa é pensar o mundo onde a vida de todo dia está acontecendo. Numa casa não poderia haver um currículo pronto porque a vida é imprevisível: não segue uma ordem lógica. Os saberes prontos ficariam guardados num lugar, como as ferramentas ficam guardadas numa caixa. As ferramentas são tiradas da caixa quando elas são necessárias para resolver problemas. Assim são os saberes: ferramentas. Ninguém aprende ferramenta para aprender ferramenta. O sentido da ferramenta é o seu uso na prática. O sentido de um saber é o seu uso na prática. Se não pode ser usado não tem sentido. Deve ser jogado fora. E por falar nisso, a palavra "dígrafo" que todas as crianças têm de aprender, serve para que? Assim são os nossos programas, cheios de "dígrafos" sem sentido... Por isso as crianças não aprendem.
Referências: - Projeto Releituras - http://www.releituras.com/ - © Projeto Releituras — Todos os direitos reservados.- Site Escola 2000 - © Copyright Instituto Ayrton Senna

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

PDE:Programa distribuirá 20 mil bolsas em 2008!




Alunos das licenciaturas e pedagogia das universidades públicas receberão, em 2008, bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) para desenvolver projetos de educação dentro das escolas da rede pública.
A expectativa do Ministério da Educação é incentivar a carreira do magistério nas áreas da educação básica com maior carência de professores e que são prioritárias para o projeto: ciência e matemática de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, e física, química, biologia e matemática para o ensino médio.
O Programa de Bolsa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) será lançado em setembro. Em 2008, o Pibid terá R$ 75 milhões para apoiar a formação de professores para a educação básica e antecipar o ingresso dos graduandos no ambiente escolar.
O programa vai unir as secretarias estaduais e municipais de educação e as universidades públicas a favor da melhoria do ensino nas escolas públicas onde os índices de desenvolvimento da educação básica (Idebs) estão abaixo da média nacional, que é de 3,8. O objetivo é contribuir para o aumento das médias das escolas participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ação atende ao plano de metas Compromisso Todos pela Educação, previsto no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para elevar o Ideb nacional para 6, até 2.022, ano do bicentenário da independência do Brasil.
As universidades e secretarias devem apresentar à Capes projetos que reforcem e ampliem os conteúdos desenvolvidos em sala de aula, direcionados especificamente a uma ou mais escolas da rede. A proposta será elaborada com a participação dos bolsistas das universidades e da direção, equipe pedagógica e professores das escolas envolvidas no projeto. O foco são aulas inovadoras e que orientem a superação de problemas identificados no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
Em caráter complementar, as universidades podem incluir nos projetos a participação de licenciaturas em letras (para língua portuguesa), educação artística (música) e pedagogia. O MEC vai oferecer 20 mil bolsas de R$ 300,00 cada, em 2008, assim distribuídas: dez mil bolsas para projetos desenvolvidos de fevereiro a dezembro e outras dez mil para o período de agosto a dezembro.
Nas escolas, os projetos serão desenvolvidos no contraturno das aulas e devem ser dirigidos a três conjuntos de alunos: 1ª a 4ª série e 5ª a 8ª do ensino fundamental e ensino médio. Por exemplo: a universidade apresenta um projeto de oficina de matemática para o ensino médio. Os alunos de todas as séries desse nível de ensino desenvolverão as atividades em conjunto.


Manoela Frade

sábado, 20 de outubro de 2007

- Projeto estabelece quem é profissional da educação!





http://portal.fatimabezerra.com.br/navegacao/ver_noticias.php?id_noticia_rn=239


A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de Lei (PL 6206/05), da senadora Fátima Cleide (PT-RO), que estabelece as categorias de trabalhadores profissionais da educação. O relator do projeto foi o deputado Carlos Abicalil (PT-MT). O projeto considera como profissionais de educação: os professores habilitados em nível médio ou superior em cursos reconhecidos pelo MEC para o exercício da docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; os trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional. Considera ainda os detentores de diploma de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas, em exercício na educação básica; e os trabalhadores da educação, em efetivo exercício na educação básica, portadores de diploma de curso técnico ou tecnológico em área pedagógica ou afim.

Abertas inscrições para professores de português em sete países!



















UOL Educação



A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o DC/MRE (Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores) recebem inscrições para a atividade de leitor brasileiro em universidades estrangeiras. Os interessados devem se inscrever, até 8 de novembro, pela Internet.Há oportunidades em Angola, Argélia, Bolívia, Eslovênia, Guiana, Jamaica e Paraguai. O candidato pode concorrer a mais de um leitorado. Os interessados devem ter nacionalidade brasileira e fluência na língua estrangeira do país para o qual pretendem se candidatar.O resultado da pré-seleção dos candidatos sairá na segunda quinzena de dezembro. Eles serão indicados para a aprovação final pelas instituições estrangeiras, conforme descrito no edital (em .doc).O exercício do leitorado será de dois anos, podendo ser prorrogado, uma única vez, pelo mesmo período. O leitor terá direito a passagens aéreas e auxílio financeiro mensal entre U$ 1,2 mil a U$ 4,2 mil, de acordo com o país de destino. A contrapartida das universidades é diferenciada. Também é necessário ter experiência didática no ensino de língua portuguesa para estrangeiros, na variante brasileira, de literatura e cultura brasileiras, e de teoria literária e lingüística.As atividades serão exercidas nas seguintes instituições: Universidade Agostinho Neto, Luanda (Angola); Universidade de Oran, Argel (Argélia); Universidade Autônoma Gabriel René Moreno, Santa Cruz de La Sierra (Bolívia); Universidade de Primorska, Koper (Eslovênia); Universidade da Guiana, Georgetown (Guiana); Universidade das Índias Ocidentais, Kingston (Jamaica); e Universidade Católica de Assunção, Assunção (Paraguai). Mais informações podem ser obtidas no site da Capes.

Capes abre inscrições para programa de intercâmbio de doutores!













UOL Educaçaõ


A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) está com inscrições abertas, até o dia 31 de outubro, para o programa Colégio Doutoral Franco-Brasileiro.Realizado em parceria com o conselho de presidentes de universidades francesas, o programa pretende formar doutores de alto nível, no Brasil e na França, em diversas áreas do conhecimento.O edital e a ficha de inscrição, bem como as instruções para postagem dos documentos de requisição ao programa, estão disponíveis na página da Capes.Os interessados devem ser estudantes brasileiros matriculados em cursos de doutorado avaliados pela Capes com nota igual ou superior a cinco. Os doutorandos também precisam ter completado um total de créditos compatível com o programa de estudos e o projeto de pesquisa a ser desenvolvido na instituição francesa. O Colégio Doutoral Franco-Brasileiro concede bolsas de estudos na modalidade doutorado-sanduíche em regime de co-orientação ou co-tutela. No caso de co-tutela, o estudante deve permanecer na instituição de destino pelo período de 12 a 18 meses e pode ter o reconhecimento dos títulos nos dois países.Na co-orientação, a permanência do doutorando é de 12 meses, sem prorrogação. As atividades são desenvolvidas sob a supervisão de um co-orientador, e não há garantia de reconhecimento pela França do título obtido no Brasil.Os selecionados receberão passagens aéreas, mensalidades no valor de 1,1 mil euros, auxílio instalação e seguro-saúde proporcionais. As candidaturas serão avaliadas, em uma primeira etapa, por consultores da Capes.AvaliaçõesO histórico acadêmico e o currículo lattes serão os primeiros a serem analisados. A responsabilidade da segunda etapa da avaliação é do comitê de monitoramento do programa, integrado por reitores de universidades brasileiras. As atividades na França terão início a partir de fevereiro de 2008. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.capes.gov.br/bolsas/cooperacao/franca/colegio_doutoral.html.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Quadrinhos voltam a ser distribuídos nas escolas em 2008!


















Escrito por Paulo Ramos
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/

Álbuns em quadrinhos farão parte da lista de obras que o governo federal vai distribuir no ano que vem em escolas públicas.
O repasse é gratuito e faz parte do PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), que objetiva estimular a leitura dos estudantes.
Na última lista, elaborada em 2006 e distribuída neste ano, havia dez títulos em quadrinhos.
O interesse em publicações assim foi demonstrado publicamente no edital de seleção das obras.
São as editoras que procuram o governo (e não o contrário, como algumas informaram ao longo deste ano).
Elas tiveram até o fim de maio para inscrever os títulos que gostariam de vender para o governo, que vai gastar mais de R$ 25,6 milhões na compra para o ensino fundamental (alunos de 6 a 14 anos).
O edital sobre o processo de inscrição diz que o acervo a ser comprado para o ano que vem terá necessariamente livros em prosa, em poesia, com imagens e em quadrinhos.
O interesse principal são obras sobre literatura em quadrinhos, o que explica, oficialmente, por que o gênero teve tanta atenção editorial no último ano.
O texto do edital afirma que serão selecionados “livros em histórias em quadrinhos, entre os quais se incluem obras da literatura universal artisticamente adaptadas ao público de educação infantil e das séries/anos iniciais do ensino fundamental”.
As obras, após serem recebidas, passam para um departamento de pesagem e de avaliação do material.
O cuidado é porque as edições serão manuseadas por mais de um aluno. Essa etapa já foi feita.
Se aprovadas, as obras passam para a Coordenadoria Geral de Estudos e Avaliação de Materiais, ligada ao Ministério da Educação.
O departamento é que faz a triagem das obras e que dá a palavra final sobre quais livros serão incluídos na lista para 2008.
A seleção ainda é feita. A lista deve ser fechada em outubro.
Os quadrinhos, do ponto de vista do governo, são vistos como uma ferramenta mais atraente para estimular a leitura.
“O apelo visual, a figura, é algo que atrai demais a criança, é uma forma de ela se interessar para a leitura por um outro formato”, diz Cecília Correa Sampaio, coordenadora substituta do departamento de seleção de obras.
O MEC adotou como política instigar os jovens a lerem. Outra iniciativa é o prêmio Vivaleitura, em que um projeto educacional sobre quadrinhos entre os 15 finalistas (leia aqui).
“A gente observa que apenas a distribuição das obras não é suficiente, é necessário um trabalho de mediação do professor”, diz Cecília.
No caso específico dos quadrinhos, ela não adianta ainda quais são os títulos. Mas confirma que os quadrinhos estão na lista, em especial as adaptações.
“Temos priorizado a seleção de obras [em quadrinhos] literárias. No momento, nós damos essa ênfase à literatura.”
Cecília acredita, no entanto, que edições sobre outros gêneros dos quadrinhos devam também integrar a lista.
Segundo o governo, o programa deve chegar a mais de 16 milhões de alunos de 127,5 mil escolas de todo o país.
As edições vão para alunos do ensino fundamental (de seis a 14 anos).
Crianças da educação infantil (quatro a cinco anos), incluídos pela primeira vez no PNBE.
A proposta é dividir a distribuição de acordo com o número de alunos. Escolas com 120 alunos vão receber um acervo –como o governo chama-, composto por 20 títulos.
Locais que tiverem entre 151 e 300 estudantes receberão dois acervos e assim sucessivamente.
Veja na postagem abaixo as dez obras em quadrinhos que integraram a lista neste ano.

Obras em quadrinhos que integraram o PNBE neste ano
A Metamorfose (Conrad)
Na Prisão (Conrad)
Níquel Náusea – Nem Tudo Que Balança Cai (Devir)
O Nome do Jogo (Devir)
Pau Pra Toda Obra (Devir)
Asterix e Cleópatra (Record)
Dom Quixote em Quadrinhos (Peirópolis)
Santô e os Pais da Aviação (Companhia das Letras)
Toda Mafalda (Martins Fontes)
A Turma do Pererê – As Gentilezas (Salamandra)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Sessão debate educação no país !












Diário de Natal 16/10/2007

Os deputados federais Fátima Bezerra (PT) e João Maia (PR) provocaram reflexões sobre a qualidade da educação brasileira em discursos proferidos na sessão solene em homenagem ao Dia do Professor, ontem, na Câmara dos Deputados. Fátima Bezerra fez elogios às ações do governo Lula na área, destacando que ‘‘as mudanças estão em curso com vistas a mudar os indicadores sociais da educação brasileira’’, e dizendo que tem visto avanços e conquistas na educação brasileira, como a implantação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Adotando outro tom, o deputado João Maia lamentou o fato do Brasil estar entre os países que menos investem em educação e comentou a deteriorização do ensino público.A deputada petista citou a política de expansão dos Cefets, que estão ‘‘chegando ao interior do Brasil’’. Exemplificou com o RN, onde ‘‘tivemos duas unidades em cem anos’’, mas que terminará 2008 com nove unidades federais de ensino profissionalizante. Sobre o ensino superior, Fátima Bezerra falou sobre a luta para a expansão da Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa) no Rio Grande do Norte, e informou que dez novas unidades estão surgindo com o governo Lula. Sobre a luta por melhores salários para os professores, Fátima Bezerra destacou a criação de um piso para os educadores, ‘‘que ainda não é o ideal, mas se constitui numa importante conquista’’ da categoria. Além de oradora Fátima Bezerra foi propositora da sessão em homenagem aos professores. A sessão foi aberta apelo presidente da Câmara, deputado Arlindo Chignalia, que depois passou a presidência dos trabalhos a Fátima Bezerra. O deputado federal João Maia também saudou os professores em nome do seu partido. O potiguar citou sua história pessoal, iniciada como filho de família humilde em Jardim de Piranhas, como exemplo de que a educação no Brasil já foi um fator de mobilidade social, mas que a deteriorização do ensino público brasileiro retirou da grande maioria da população de ascenção social, promovendo um ‘‘apartheid social’’. João Maia criticou que o ensino fundamental fique a cargo dos municípios, enquanto o ensino superior está a cargo do Governo Federal. ‘‘É a razão de sermos o país que menos gasta em educação, de acordo com estudo da OCDE, que envolveu 34 países’’, disse.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

PARABÉNS!











Dia 15 comemoramos o dia do professor, ou melhor, do educador.Mas, o que comemorar, diante de uma profissão tão desvalorizada? pelo governo, pela sociedade que esqueceu a questão da importância de se educar, de orientar para um amanhã melhor.Precisamos acreditar em nossa função e valorizar nosso trabalho, mostrando para a sociedade que somos importantes, e merecemos respeito e consideração por nosso serviço, pois, nada mais nada menos, ajudamos a formar o futuro. Façamos deste dia um momento de reflexão sobre nossas atitudes de educadores, repensando em nossos direitos e deveres enquanto formadores de opinião.À você educador, que realmente se orgulha de SER professor e ainda deseja transformar atitudes, modificando opiniões e ações através do conhecimento... Beijos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

História dos Mártires do RN!




Tribuna do Norte on line - (Especiais)


O C e n á r i o H i s t ó r i c o

Guerras e negócios:
Invasão do Nordeste brasileiro pelos holandeses teve motivações políticas e objetivos econômicos.
O pano de fundo histórico para os massacres dos colonos portugueses na capitania do Rio Grande, em 1645, foi a ocupação holandesa de boa parte do Nordeste brasileiro. A invasão, iniciada em 1624 com a ocupação de Salvador, na Bahia, teve motivações políticas e objetivos econômicos. O expansionismo holandês no século XV fazia parte da redistribuição de poder entre as nações da Europa. Impulsionada pela atividade de banqueiros e comerciantes, pela filosofia empreendedora do Iluminismo e pela guerra de independência contra a dinastia dos Habsburgos, que ocupava o torno da Espanha, a Holanda disputava um lugar entre as superpotências da época.
Portugal e Espanha, unidas sob um mesmo trono desde 1580, eram donas das maiores porções do Novo Mundo e do comércio entre a Europa, África e Ásia, mas já mostravam sinais de decadência após o esforço desprendido para as grandes navegações das descobertas nos séculos XIII e XIV.
Endinheirada, a sociedade holandesa da época desenvolvia novos estilos nas artes, inovava nas técnicas e pesquisava nas ciências. Adeptos das religiões protestantes de Lutero e Calvino, nascidas do movimento da Reforma, os holandeses não discriminavam os judeus tanto quanto os países católicos. Com isso, receberam refugiados, capitais financeiros e conhecimentos com os quais subsidiaram as operações de conquistas além-mar.
Atacar as colônias espanholas no além-mar constituía um objetivo estratégico. Mas, também havia a perspectiva de lucros. Mercadores e banqueiros holandeses criaram em 1621 a Companhia das Índias Ocidentais, uma empresa privada que recebeu do governo da Holanda o monopólio do comércio, navegação e conquista em toda a área entre a Terra Nova (atual norte dos EUA) e o Estreito de Magalhães (atual sul da Argentina), de um lado do Atlântico, e toda a costa oeste africana.
O Nordeste brasileiro foi escolhido como alvo porque, uma vez conquistado, ofereceria bases a partir das quais a frota holandesa poderia prejudicar as rotas comerciais da cana de açúcar, abastecido pelo Brasil, e de prata, suprido pelas minas do Peru. As contas feitas pela companhia, para a invasão do nordeste brasileiro, mostravam que a campanha custaria 2,5 milhões de flor ns. Esperava-se que a nova colônia renderia, por ano, oito milhões de flori ns.
O negócio da Companhia das Índias
As primeiras incursões holandesas à costa brasileira datam de 1615, quando uma expedição comandada por Joris van Spilbergen foi aprisionada no Rio de Janeiro. Em abril de 1624, uma frota de 26 navios bem armados e equipados com 3.300 homens pagos pela Companhia das Índias Ocidentais, atacou Salvador. Em maio, as tropas desembarcaram e tomaram a cidade, mas não conseguiram penetrar no interior. Portugueses e brasileiros fizeram movimentos de guerrilha, resistiram ao invasor e um ano depois, com o reforço de uma esquadra enviada por Portugal e Espanha, reconquistaram Salvador.
Os holandeses compensaram a derrota na Bahia conquistando Recife e Olinda, em fevereiro de 1630. A expedição tinha 67 navios e sete mil soldados. A resistência luso-brasileira, concentrada em arraias fundados no interior e sempre atuando com táticas de guerrilhas, se estendeu por cinco anos. Usando Pernambuco como base, os holandeses passaram a devastar engenhos e lavouras, ameaçando e aterrorizando a população para que não ajudassem os resistentes.
Ações militares maiores comandadas pelo conde João Maurício de Nassau-Siegen, entre 1637 e 1641, consolidaram o domínio holandês. As capitanias e as fortalezas de Itamaracá, Paraíba, Sergipe, Rio Grande e o Maranhão foram ocupadas. Portugal, que havia se separado do trono da Espanha, negociou uma trégua com a Holanda e os próximos anos foram de relativa paz.
Diferentes em tudo dos portugueses, os holandeses chegaram ao Brasil sem a intenção de se fixarem na terra. Poucos trouxeram ás famílias. O objetivo era enriquecer rápido explorando os recursos naturais do país ocupado. Mas, apesar disso, contribuíram para o avanço social, econômico, cultural e científico.
O período de maior efervescência cultural e artística foi o governo do conde João Maurício de Nassau-Siegen (1637-1644), quando artistas europeus visitaram e pintaram o nordeste brasileiro, ergueram-se monumentos, pontes, jardins e prédios de nova arquitetura, diversificou-se as culturas agrícolas nos engenhos e iniciou-se estudos científicos na área da astronomia, topografia, meteorologia e do uso que os índios faziam de plantas medicinais.
Na capitania do Rio Grande, no entanto, não se viu nada disso. Aos holandeses interessava das terras potiguares apenas as lavouras de mandioca para o fabrico da farinha e os rebanhos de gado, considerados os mais numerosos da região. Fontes da época e historiadores, citados por Luis da Câmara Cascudo, falam em 20 mil cabeças. Talvez fossem menos, mas é indiscutível que Olinda, Recife e Itamaracá - núcleos urbanos dos holandeses - dependiam desse rebanho para o abastecimento de carne e de força animal para trabalho nos engenhos que estavam sendo reativados.

A I n v a s ã o d o R i o G r a n d e
Eles vieram atrás do gado:
Conquistar Rio Grande era vital para suprir Olinda e Recife de carne, peixe seco e farinha de mandioca.
No Rio Grande do Norte, em junho de 1625, uma esquadra holandesa que tentou sem sucesso socorrer o governo flamengo na Bahia, aportou na Baía da Traição. Eram 34 navios bem armados, comandados pelo almirante Boundewijn Hendrikszoon. Uma patrulha desceu à terra e visitou o engenho Cunháu. Recolheu limões, entre os índios, para tratar do escorbuto que atingia os marinheiros holandeses e mandou para o conselho da Companhia das Índias Ocidentais, antes de navegar para Porto Rico (Caribe) notícias de que nas terras do Rio Grande havia muito gado e muita lavoura de cana-de-açúcar e mandioca.
Cinco anos depois, já conquistado o Recife e Olinda, um holandês sozinho, Adriano Verdonck, percorreu todo o litoral entre Cunhaú e Natal, tomando anotações sobre o povoamento, engenhos, lavouras e o poder de defesa do Forte dos Reis Magos. Em dezembro de 1631, teve início a campanha para conquistar a capitania do Rio Grande. Os holandeses contavam com a ajuda dos índios janduís, inimigos históricos dos portugueses. Uma tropa, sob o comando de Albert Smient e Joost Closter desembarcou em Genipabu, sem atacar o Forte dos Reis Magos. Encontrou índios, aprisionados por um português que trazia documentos do Ceará e foi morto. As informações eram importantes e a expedição voltou a Pernambuco.
Somente em dezembro de 1933 é que veio a expedição definitiva. Eram 12 navios, 808 soldados que desembarcaram em Ponta Negra. O comando estava com almirante Jean Cornelissen Lichthard do tenente-coronel Baltasar Bima. O combate começa no dia 08 e se estende até o dia 12, quando a guarnição do forte, a revelia do capitão-mor Pero Mendes de Gouveia, ferido no combate, propôs a rendição.
Vencedores, os holandeses rebatizaram o forte como Castelo Keulen e Natal de Nova Amsterdã. Os poucos habitantes da cidade haviam se refugiado no engenho Potengi (Câmara Cascudo identifica esse engenho como sendo o do Ferreiro Torto, mas outros historiadores têm dúvidas quanto a isso). O engenho pertencia a Francisco Rodrigues Coelho. Seis dias após o desembarque, soldados holandeses e índios janduís marcharam para o engenho. No caminho encontraram alguma resistência. No engenho, em represália e para desestimular novas resistências diante das notícias que davam conta de que haveria um contra-ataque aos invasores, mataram Francisco Coelho, a mulher dele, os seis filhos e os refugiados de Natal. Eram cerca de 60 pessoas.
A tática de terra arrasada e do terror
Nenhum historiador discorda quanto aos motivos que trouxeram os holandeses para o Rio Grande do Norte. Com a perda do controle sobre a região do Vale do Rio São Francisco, na Bahia, era vital garantir outros centros de abastecimento para Olinda, Recife e Itamaracá, os grandes centros urbanos e produtores de açúcar do "Brasil Holandês".
"Pela gabaria assolava-se tudo (...) O holandês resistiu matando, incendiando, entregando a população cristã aos janduís, no propósito único de conservar a carne para a consumação no Recife, sede da resistência neerlandesa", descreve Cascudo no livro História da Cidade do Natal (pág. 66, ed. 1999). Joan Nieuhof, escrevendo em 1682 sobre a viagem que fez ao Brasil nos anos em que o domínio holandês já enfrentava o levante que levou à Restauração de Pernambuco (após 1645) assegura que "o Rio Grande era, portanto, a única região de onde se recebia, quantidades ponderáveis de farinha e gado que minoravam em parte a escassez de gêneros reinante no Recife".
A dominação sobre a região do Potengi, isolada dos focos de resistência luso-brasileira, era feita mais através dos índios janduís, aliados de primeira hora. No Castelo de Keulen, as tropas holandesas estavam resumidas a uma guarnição de algumas dezenas de soldados. Os janduís eram da raça cariri e dominavam desde antes do descobrimento os sertões norte-riograndenses. Nunca aceitaram a presença dos portugueses, ao contrário dos potiguares, os tupis que habitavam o litoral e que depois de uma breve resistência haviam se aliados aos portugueses, depois trocados pelos holandeses.
O chefe Janduís veio a Natal, em 1638, encontrar-se com Maurício de Nassau. No brasão d´armas que Nassau deu a Nova Amsterdã (Natal) havia uma ema, homenagem aos janduís, tropa de choque e guarda pretoriana dos interesses holandeses no interior da capitania.
O período de maior efervescência cultural e artística foi o governo do conde João Maurício de Nassau-Siegen (1637-1644), quando artistas europeus visitaram e pintaram o nordeste brasileiro, ergueram-se monumentos, pontes, jardins e prédios de nova arquitetura, diversificou-se as culturas agrícolas nos engenhos e iniciou-se estudos científicos na área da astronomia, topografia, meteorologia e do uso que os índios faziam de plantas medicinais.
Na capitania do Rio Grande, no entanto, não se viu nada disso. Aos holandeses interessava das terras potiguares apenas as lavouras de mandioca para o fabrico da farinha e os rebanhos de gado, considerados os mais numerosos da região. Fontes da época e historiadores, citados por Luis da Câmara Cascudo, falam em 20 mil cabeças. Talvez fossem menos, mas é indiscutível que Olinda, Recife e Itamaracá - núcleos urbanos dos holandeses - dependiam desse rebanho para o abastecimento de carne e de força animal para trabalho nos engenhos que estavam sendo reativados.

O r i g e m d o s M a s s a c r e s
Crise comercial e revolta:
Em 1645 o clima no Brasil holandês era tenso. Portugueses e brasileiros iniciaram o levante que expulsou os holandeses.

Os episódios dos massacres de Cunhaú e Uruaçu ocorrem em meio ao levante de colonos portugueses e brasileiros contra o domínio holandês. A insurreição teve bases econômicas. Após um período de relativa paz e prosperidade em Olinda e Recife, os preços do açúcar começam a cair no mercado de Amsterdã. Senhores de engenho e lavradores da cana de açúcar tinham contraído empréstimos junto a Companhia das Índias Ocidentais e se viram sem ter como pagar os débitos Comerciante se acionistas executaram as hipotecas, terras e engenhos foram perdidos, boa parte do capital existente na colônia voltou para a Holanda, o movimento dos navios caiu.
Aos efeitos da crise comercial, que começou em 1638 e agravou-se em 1642, juntaram-se fatores que, mesmo já existindo antes, tinham ficado mais ou menos equilibrados durante o clima de paz e tranquilidade do período anterior: a incompatibilidade entre o catolicismo luso-brasileiro e o calvinismo holandês, a contradição cultural das tradições rurais da colônia e o urbanismo dos invasores, o encorajamento com a Restauração do trono em Portugal(1640) e a reconquista do Maranhão (1643).
O fato é que em 1645 a revolta, liderada por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e outros donos de engenhos e de propriedades confiscadas. O governador da Bahia, Antonio Teles da Silva, prometeu tropas lusas, mas o grosso do exército rebelde foi formado mesmo pelos contingentes de negros sob o comando de Henrique Dias e de índios, liderados por Antonio Felipe Camarão. A luta começou em 13 de junho de 1645, com João Fernandes Vieira se rebelando no Recife, depois de ter sido delatado às autoridades holandesas. Foi de inicio uma luta de guerrilhas, com luso-brasileiros e holandeses empregando as mesmas táticas dos anos da invasão: terra arrasada e terrorismo junto à população civil.
Chacina em Cunhaú fez parte do terror.
No cenário da luta de guerrilhas, luso-brasileiros e holandeses mal empregaram tropas regulares. As escaramuças e os enfrentamentos mais crues e arriscados, em meio aos tabuleiros e matas, se davam entre patrulhas de índios aliados e negros voluntários.
É nestas circunstâncias que surge a figura de Jacob Rabbi, alemão à serviço do governo holandês. Fluente na língua dos índios tapuias, amigo pessoal do chefe Janduís, casada com a índia Domingas, Rabbi chegou ao Brasil com Maurício de Nassau e foi nomeado como interprete. Na verdade, atuou como "oficial de ligação" entre os interesses da Companhia das Índias Ocidentais e o chefe Janduís, sem descuidar dos seus próprios objetivos: poder e riquezas. Com a necessidade de combater o levante, assumiu a chefia de grupos mistos de índios e aventureiros, bem no estilo dos paramilitares que se vê hoje nas guerras modernas, atacando arraias luso-brasileiros, saqueando engenhos, queimando lavouras e aterrorizando a população suspeita de apoiar os revoltosos de Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão.
Percorrendo a região canavieira entre Recife e Natal, Rabbi e um grupo de índios janduís e potiguares, além de soldados holandeses, chegaram ao engenho Cunhaú em 15 de julho de 1645. Se apresentou como emissário do Supremo Conselho Holandês de Recife e convocou a população para uma reunião, após a missa do dia seguinte, um domingo, na capela de Nossa Senhora das Candeias.
O domingo amanheceu chuvoso e nem todos os moradores compareceram à missa. Os historiadores estimam em 69 pessoas presentes no lugar. Durante a celebração, após a elevação da hóstia, os soldados holandeses trancaram todas as portas da igreja. A um sinal de Rabbi, os índios invadiram o local e chacinaram os colonos.
Relatos posteriores, alguns deles de emissários do governo holandês que investigaram o episódio, descrevem cenas de violência, atrocidades e certo requinte de crueldade contra os fiéis. Desarmados, os colonos não tinham como resistir e se resignaram à morte. Atendendo a exortação do padre André de Soveral, que celebrava a missa, muito foram executados em meio as orações. O próprio padre foi morto a punhaladas. Antes de ser morto, ele ainda disse aos indígenas para não tocar nas pessoas ou nas imagens e objetos do altar, porque seriam cortadas as mãos e as partes do corpo de quem o fizessem. Com esta ameaça, os tapuias recuaram, mas os potiguares - menos supersticiosos e mais acostumados a religião dos portugueses - não se intimidaram e prosseguiram com o ataque.
Algumas pessoas se refugiaram na casa do engenho, mas tiveram um fim semelhante ao das que estavam na capela. Os flamengos e índios invadiram a casa. Houve certa resistência, três colonos conseguiram escapar pelo telhado, mas a superioridade numérica dos índios e dos holandeses acabou prevalecendo. Depois da chacina, o engenho foi saqueado.

D e s t r u i ç ã o e R e p r e s á l i a s
Eliminando a resistência:
Em Uruaçu, massacre eliminou os líderes locais para evitar que levante chegasse ao Rio Grande do Norte.

REPRESENTAÇÃO - Encenação em Cunhaú mostra como foi o martírio de fiéis.
A notícia do massacre em Cunhaú espalhou-se rápido entre os colonos luso-brasileiros do Rio Grande. Em Natal, mesmo suspeitando da conivência do governo holandês com o crime, alguns moradores influentes, liderados pelo padre Ambrósio Francisco Ferro, pediram abrigo no Castelo de Keulen. A princípio foram recebidos como hóspedes.
Outros, que não foram ao castelo, ergueram um paliçada para for ticar a localidade conhecida como Potengi, distante cerca de três léguas (18 km) do Castelo de Keulen, às margens do rio Jundiaí. O número de moradores refugiados na paliçada passava é incerto. Cronistas portugueses falam em "70 homens". Documentos holandeses citam 232 pessoas.
O terror aumentava a medida que chegavam notícias da marcha dos tapuias e potiguares, junto com o grupo de Jacob Rabbí, por vários localidades entre o Rio Grande e Paraíba. Os colonos juntaram armas e mantimentos para resistirem a um possível ataque e cerco dos índios e holandeses.
Alguns cronistas atribuem à vontade pessoal de Jacob Rabbí a ordem de ataque ao arraia do Potengi. A lógica da guerra mostra que foi o próprio conselho holandês quem deve ter determinado o ataque que acabou no segundo massacre de colonos luso-brasileiros no Rio Grande. Uma paliçada, com homens em armas e prontos para a resistência, não deve ter parecido nada amistoso aos holandeses que já começavam a perder terreno para revoltosos, com táticas semelhantes, em Pernambuco.
Pesquisando nos arquivos de Haia para a causa da postulação dos mártires, monsenhor Francisco de Assis, encontrou documentos que provam a conivência do governo holandês. A reconstituição dos fatos, com base em documentos portugueses e flamengos, mostram que o cerco a paliçada do Potengi durou 16 dias. Foi iniciada em setembro pelo grupo de Jacob Rabbí e, depois, contou com reforços enviados pelo Castelo de Keulen, incluindo duas peças de artilharia. O bombardeio forçou a rendição dos luso-brasileiros.
Ocupada a paliçada do Potengi, os holandeses levaram cinco reféns para o Castelo de Keulen. Os demais colonos ficaram confinados a paliçada, mas já não tinham muitas esperanças sobre o que poderia acontecer. Diogo Lopes Santiago (Historia da Guerra de Pernambuco) e Manuel Calado do Salvador (O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade) contam que o clima entre os refugiados era de "intensa religiosidade", fazendo-se penitências e procissões.
No Castelo de Keulen, aguardava-se a visita de um emissário do Alto e Secreto Conselho do Recife, Adriaen van Bullestrate, que deveria inspecionar o que acontecia no Rio Grande. No dia 2 de outubro chegou uma lancha ao castelo, com uma mensagem do conselho. Os historiadores consideram que era a ordem para executar os principais líderes dos colonos, desestimulando a revolta em terras do Rio Grande.
Não há comprovação dessa ordem, em outros registros históricos, mas o fato é que no dia seguinte - 03 de outubro - os 12 colonos que estavam no castelo são levados em botes para o porto de Uruaçu e executados. À morte deles, segue-se a chacina dos que estavam refugiados em Potengi, depois de terem sido retirados da paliçada e levados para o mesmo porto.

M á r t i r e s e A l g o z
Perfis da fé e do ódio:
Dados biográficos são imprecisos pela falta de registros sobre a população do século XVII nas colônias.
Os nomes das vítimas de Cunhaú e Uruaçu constam de várias crônicas portuguesas do século XVII sobre a guerra contra os holandeses em Pernambuco. As três principais, nas quais o monsenhor Francisco de Assis Pereira baseou-se para elaborar a lista dos 30 mártires propostos para a beatificação, são as crônicas de Frei Manuel Calado do Salvador (in O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade, de 1648), Diogo Lopes Santiago (in História da Guerra de Pernambuco) e Frei Rafael de Jesus (in Castrioto Lusitano, de 1679).
Abaixo, relação completa dos mártires, com detalhes biográficos de alguns.

Biografias:
Padre André de Soveral:
O sacerdote é um dos dois brasileiros incluídos na lista para a beatificação. Nasceu em São Vicente, litoral paulista, em 1572. Como missionário jesuíta catequizou os índios no Nordeste do Brasil. Depois, já no Clero diocesano, foi pároco de Cunhaú, onde foi morto durante a missa com mais 69 fiéis.

Domingos de Carvalho:
Além do padre André de Soveral, é o único dos fiéis mortos em Cunháu, identificado com segurança. Não há informações sobre seus afazeres, mas no corpo foram encontradas moedas de ouro, sinal de que devia ser algum mercado próspero. Há dúvidas se foi morto na capela ou na casa do engenho.

Padre Ambrósio Francisco Ferro:
Português dos Açores, foi nomeado vigário do Rio Grande em 1636. Refugiou-se na Fortaleza dos Reis Magos (Castelo de Keulen), após o massacre de Cunháu, junto com mais cinco principais da cidade. Foi levado para a morte em Uruaçu.

Antônio Vilela Cid:
Fidalgo, nascido em Castela, Espanha, veio para o Rio Grande em 1613 para assumir por ordens do rei Felipe II o cargo de capitão-mor. Não se sabe porque não exerceu a função, mas em 1620 era juiz ordinário em Natal. Casou com Dona Inês Duarte, irmão do padre Ambrósio Francisco Ferro. Acusado pelo chefe Janduís de ter sido cúmplice na morte de um holandês, na capitania do Ceará, foi preso no Castelo de Keulen por suspeita de conspiração.

Estevão Machado de Miranda:
Um dos principais da capitania do Rio Grande, casado com dona Bárbara, filha de Antonio Vilela Cid. Em 1643 fazia parte da Câmara dos Escabinos, espécie de câmara municipal junto ao governo holandês. Esteve na paliçada do Potengi e foi um dos cinco reféns presos na fortaleza. Junto com ele foram sacrificadas, em Uruaçu, duas filhas pequenas.

Antonio Vilela, o Moço:
Filho de Antonio Vilela Cid. Retirado da paliçada do Potengi e morto juntamente com uma filha pequena.

Mateus Moreira:
Estava na paliçada do Potengi. Teve o coração arrancado pelas costas e morreu exclamando "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".

Antônio Barracho:
Também retirado da paliçada do Potengi. Teve o corpo amarrado a uma árvore. Arrancaram-lhe a língua e o castraram, colocando na boca os órgãos genitais. Foi açoitado e queimado com ferros em brasa.

Manuel Rodrigues de Moura:
Resistente da paliçada do Potengi. Foi levado para o sacrifício com a mulher, que os cronistas não identificam o nome. Relatam apenas que, depois de morto o marido, ela teve os pés e as mãos amputados, sobrevivendo ainda por três dias.

João Lostau Navarro:
Nascido em Navarro, a época incorporado à França de Henrique IV. Um dos mais antigos moradores da capitania do Rio Grande. Tinha uma "casa forte" na praia de Tabatinga, invadida por Jacob Rabbi após o ataque em Cunhaú. João Lostau resistiu e foi preso no Castelo de Keulen. Era sogro do tenente-coronel Joris Garstman, comandante holandês que governou o Rio Grande de 1633 a 1637.

João Martins:
Jovem que liderava um grupo de sete companheiros. Pariticiparam da resistência na paliçada do Potengi. Em Uruaçu foi convidado a passar-se para o lado dos holandeses. Como recusaram, foram mortos. João Martins foi o último a ser executado, após ter sido obrigado a presenciar a morte dos amigos.

Relação completa dos mártires mortos em Cunháu:
- Padre André de Soveral
- Domingos de Carvalho
Mortos em Uruaçu:
- Padre Ambrósio Francisco Ferro
- Antônio Vilela, o Moço
- José do Porto
- Francisco de Bastos
- Diogo Pereira
- João Lostau Navarro
- Antônio Vilela Cid
- Estevão Machado de Miranda
- Vicente de Souza Pereira
- Francisco Mendes Pereira
- João da Silveira
- Simão Correia
- Antônio Barracho
- Mateus Moreira - João Martins
- Uma filha de Manuel Rodrigues de Moura
- A esposa de Manuel Rodrigues de Moura
-Antônio Vilela, o Moço
- Uma filha de Francisco Dias, o Moço
- Primeiro Jovem companheiro de João Martins
- Segundo Jovem companheiro de João Martins
- Terceiro Jovem companheiro de João Martins
- Quarto Jovem companheiro de João Martins
- Quinto Jovem companheiro de João Martins
- Sexto Jovem companheiro de João Martins
- Sétimo Jovem companheiro de João Martins
- Primeira filha de Estevão Machado de Miranda
- Segunda filha de Estevão Machado de Miranda

Jacob Rabbí teve carreira marcada pela crueldade.
Na repressão desencadeada pelos holandeses na capitania do Rio Grande, após o início do levante em Pernambuco, o alvo mais frequente foi a população civil. Os agentes mais atuantes dessa repressão foram os índios - tapuias e potiguares - e o alemão Jacob Rabbí.
A figura de Jacob Rabbi inspirou diversas versões entre os cronistas e historiadores, a maioria delas demoníacas. Natural do condado de condado de Waldeck, emigrou para a Holanda e foi contratado pela Companhia das Índias Ocidentais. Os historiadores o consideravam judeu, mas essa é uma versão que vem sendo discutida e alguns autores já descartam essa possibilidade.
Rabbi chegou ao Brasil junto com o conde João Maurício de Nassau-Siegen, em 23 de janeiro de 1637, desembarcando no Recife. Em território brasileiro, a missão do alemão era de intérprete junto aos índios aliados, no meio dos quais passou a viver, adotando alguns dos seus costumes. Casou com uma índica janduís, Domingas, e mostrou-se um observador culto. Seus estudos etnográfico sobre os índios não eram destituídos de valor e foi citado por autores posteriores, apesar dos manuscritos terem se perdido. Sintetizou suas informações sobre a vida indígena na obra " De Tapuryarum moribus et consuetubinibus, e Relatione Iacobbi Rabbi, Qui aliquot annos inter illos vixit".
No comando das tropas de janduís e potiguares, além de aventureiros que viam na guerra uma oportunidade de enriquecimento, Rabbí foi responsável por massacres e saques a engenhos entre nas capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco. Entre o massacre de Cunhaú, em 16 de julho de 1645, e o de Uruaçu, em 3 de outubro do mesmo ano, o aventureiro desceu em direção a Goiana (Pernambuco), saqueando tudo pelo caminho. Em meados de agosto, as margens do rio Goiana, foi detido e rechaçado por tropas luso-brasileiras, tomando então a decisão de voltar ao Rio Grande, onde atacou, em setembro, a paliçada do Potengi.
Por conta da morte de João Lostau Navarro, em Uruaçu, Rabbi foi morto em emboscada na noite de 4 de abril de 1646 – menos de um ano depois do massacre - quando sai de um jantar na casa de um certo Dirck Maeller, as margens do Potengi. As investigações apontaram como mandante do crime o tenente-coronel Joris Garstman, genro de João Lostau. Garstman chegou a ser punido e enviado de volta à Holanda, mas acabou anistiado e voltou ao Brasil, permanecendo até 1654.

O s Í n d i o s e o Go v e r n o H o l a n d ê s
A atração da igualdade:
Holandeses deram tratamento diferenciado aos índios e conseguiram aliados fiéis contra os portugueses.
Os pesquisadores se perguntam porque os índios, principalmente os potiguares que já conviviam a mais de uma geração com os portugueses, se aliaram de forma tão rápida e fiel aos holandeses. As respostas mais precisas parecem estar na liberdade e tolerância religiosa durante o período de Nassau, da qual se beneficiaram índios e judeus. Os janduís, tribos do interior, nunca haviam aderido aos portugueses que se estabeleceram no litoral. Entre os potiguares , há referências sobre descontentamentos com a colonização do Ceará e um pedido feito aos holandeses, através do aventureiro Johan Maxuel, para que atacassem o forte português.
Arredios ou descontentes com os portugueses, várias tribos tapuias aderiram ao governo holandês e os potiguares se dividiram. Parte ficou fiel aos portugueses, seguindo a liderança de Felipe Camarão, parte seguiu os chefes Pedro Poti e Antonio Paraupaba, índios educados na Holanda. A importância das tropas indígenas na guerra foi reconhecida por vários cronistas flamengos. O mais famoso deles, Barléu, diz: "De todos foram os Tapuias os mais dedicados a nós. Com o auxílio de suas armas e forças, comandadas por Janduís, pelejamos contra os portugueses".
A Companhia das Índias Ocidentais nunca descuidou do tratamento dispensados aos aliados indigenas. Além de levar vários jovens índios para Holanda, onde eram educados nas leis calvinistas e depois contratados como interpretes, nomeou representantes junto aos índios - Rabbí e Roulox Baro - e em 1645 promoveu uma assembléia em Tapisserica, com representantes de 17 aldeias, onde elegeram Antonio Paraupaba regedor do potiguares no Rio Grande, Pedro Poti, para a Paraiba, e Domingos Carapeba, para Pernambuco e Ceará. A preocupação do governo holandês era fazer os índios se sentirem iguais aos flamengos.
Conselho foi omisso e conivente
O papel do governo holandês estabelecido em Recife, nos episódios de Cunhaú e Uruaçu, nunca ficaram bastante esclarecidos. A conclusão dominante, tirada da leitura das crônicas, é que Supremo Conselho foi conivente com as ações na capitania do Rio Grande por não ter pulso firme suficiente em controlar a atuação de Jacob Rabbí e os grupos de índios liderados por Antonio Paraupaba.
São conhecidos alguns panfletos anônimos, que circularam entre a população holandesa, criticando essa falta de pulso e conivência. Um deles, sob o título Brasulsche Gelt-Sack (A Bolsa do Brasil) considera Jacob Rabbí um "vagabundo impudente", que mereceria mais a forca que um comando, e culpa o conselheiro Adriaen Van Ballestrate por não ter impedido o massacre de Uruaçu.
Algumas tentativas de deter Jáacob Rabbí chegaram a ser feitas. Após o ataque a Cunhau, em fins de julho, o Supremo Conselho enviou um destacamento, formado por uma companhia de infantaria, 20 fuzileiros e mais 50 homens, sob o comandado de um capitão e um pastor. A missão era recambiar Rabbi e os janduís, que ainda estavam em Cunhaú, para o Recife. Houve troca de tiros entre os dois grupos e a missão fracassou.
Apesar da aparente insubordinação, Rabbi não perdeu prestígio entre o comando do Castelo de Keulen nem junto ao conselheiro Ballestrate. Assim é que no dia 1º de outubro consegue peças de artilharia para vencer a resistência na paliçada do Potengi e, no dia 13, participa da reunião com Bellestrate, Paraupaba e o comando do Castelo de Keulen onde se decide deportar os sobreviventes para a Paraíba e desmantelar as cercas fortificadas que haviam na capitania do Rio Grande.
O perdão dado ao tenente-coronel Joris Garstman, após a emboscada para assassinar Rabbí, e que foi executada por dois mosqueteiros holandeses, apesar do motivo ter sido vingança pessoal, é uma mostra de que o Supremo Conselho não se importou muito em perder o inoportuno e incontrolável aliado.

O C a m i n h o até a B e a t i f i c a ç ã o
Provas de sacrifícios:
Congregação para as Causas dos Santos exigiu provas de que martírio foi em nome da fé cristã


ESTUDOS - Monsenhor Assis fez várias pesquisas no Brasil e na Europa, incluindo a reconstituição pictórica dos massacres, para apresentar pedido ao Vaticano.
Para receber o pedido de beatificação para as vítimas dos massacres de Cunhaú e Uruaçu, a Congregação para a Causa dos Santos (com sede no Vaticano) impôs três requisitos: que as mortes tenham sido de forma violenta, que os motivos tenham sido ódio à fé católica e que as vítimas tenham aceitos livremente o sacrifício. Um dos desafios do monsenhor Francisco de Assis Pereira, postula dor da causa da beatificação dos mártires, foi provar que essas circunstâncias fizeram parte do episódio de Cunháu e Uruaçu.
No caso de Cunhaú a violência foi caracterizada pelo fato do grupo de fiéis ter sido chacinado em um recinto fechado, dentro da capela, sem possibilidades de fuga. Além disso, o ataque foi de surpresa e a traição, desfechado de forma repentina por índios selvagens e soldados holandeses armados.
O cenário onde se deu o massacre, o interior da capela, prova o ódio a fé católica. Em uma situação de respeito à religião e a fé, a capela de Nossa Senhora das Candeias teria que ter sido considerada um lugar inviolável e sagrado. Na defesa da causa da beatificação, monsenhor Assis refutou a tese de que o massacre estaria ligado a interesses econômicos ou militares. Os holandeses não teriam motivos para se preocupar com os moradores de Cunhaú, como ameaça ao domínio da Companhia das Índias Ocidentais sobre o Rio Grande, uma vez que a comunidade era formada por pessoas calmas e dedicadas aos afazeres domésticos.
O terceiro elemento que comprova o martírio na capela Nossa Senhora das Candeias é a aceitação voluntária da morte. Os fiéis não reagiram de forma violenta e, mesmo depois, não houve vingança, concordando com o sacrifício da vida.
URUAÇU - No caso do massacre de Uruaçu, a morte violenta está explícita no momento em que as pessoas foram atacadas por 200 soldados bem armados. O frei português Manuel Calado, no livro O Valoroso Lucideno, considera como "incríveis " as atrocidades cometidas, como a degola, a deceparão de braços e pernas, a amputação de nariz, olhos, línguas e orelhas. A Mateus Moreira arrancaram o coração pelas costas.
O segundo critério para a declaração do martírio é morrer pela fé. Os historiadores mostram que as vitimas de Uruaçu morreram testemunhando a fé em Deus e na Igreja Católica. No caso específico de Mateus Moreira, que disse "louvado seja o Santíssimo Sacramento" na hora do sacrifício, não há dúvidas sobre o ato de fé. E, por morrerem felizes por Deus, eles aceitaram livremente o massacre. No caso de João Martins, ele chegou a dizer que o matassem logo porque estava invejando seus companheiros.
O processo de beatificação
Passo a passo o processo para beatificação dos mártires de Cunhaú e Uruaçu
Dia 28 de fevereiro de 1989 – Monsenhor Francisco de Assis Pereira é nomeado o Postulado da Causa.
7 de maio de 1989 – a Causa dos mártires é introduzida solenemente na Catedral Metropolitana de Natal.
20 de junho de 1993 – é constituída a comissão de peritos em História, composta por professor José Antônio Gonçalves de Mello, Olavo de Medeiros Filho, Jeanne Fonseca Nesse.
De 17 a 31 de maio de 1994 – reunião do Tribunal Arquidiocesano para a Causa dos Mártires do Rio Grande do Norte.
15 de junho de 1994 – o processo da Causa dos Mártires é entregue na Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano.
28 de outubro de 1997 – reunião dos Consultores históricos, na sala dos Congressos da Congregação das Causas dos Santos. O parecer foi pela justeza das investigações históricas feitas pelo Postulado da Causa.
23 de junho de 1998 – A comissão de oito teólogos do Vaticano reconheceram por unanimidade que houve martírio.
5 de março de 2000 – Data marcada pelo Papa João Paulo II para beatificação dos 30 mártires de Uruaçu e Cunhaú.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Nosso historiador "Luís da Câmara Cascudo" vira enredo de escola de samba!



Câmara Cascudo vira enredo da escola Nenê de Vila Matilde
05/10/2007 - http://TribunadoNorte.com.br

Que o historiador potiguar Luís da Câmara Cascudo foi alçado à condição de mito pela contribuição que deu à cultura popular brasileira é mais do que sabido. Da mesma forma que o leitor do VIVER também sabe, desde o mês passado, que Cascudo virou o santo padroeiro da tradição oral brasileira - eleito em agosto durante o Simpósio Internacional dos Contadores de História. Pois bem. Mas faltava a comemoração. E se festa que se preze no terreiro da cultura popular brasileira de hoje acaba em samba, Câmara Cascudo não poderia ficar de fora dessa roda. Nem vai.

Isso porque o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Nenê de Vila Matilde - uma das escolas mais tradicionais da divisão principal do carnaval de São Paulo - tratou de chamar Cascudo para o samba e dedica o desfile do próximo ano ao folclorista. Com o tema “Um vôo da Águia como nunca se viu! Também somos folclore do nosso Brasil - 110 anos aprendendo com Câmara Cascudo”, a Vila Matilde vai para a avenida cantar a cultura popular. A letra (veja na íntegra ao lado) composta pelos sambistas Nenê, Adriano Bejar e Sulu fala dos costumes e personagens do folclore brasileiro, eterna fonte de pesquisa de Cascudo. A reportagem tentou contato com a escola por e-mail mas não teve retorno até o fechamento desta edição. No site da escola, ainda em fase de construção, estão a letra do samba-enredo e informações sobre dia e hora dos ensaios. A agremiação vive hoje um jejum de títulos no carnaval paulista. O último campeonato foi em 2001.

Coordenadora do Memorial Câmara Cascudo e neta do folclorista, Dhaliana Cascudo soube da notícia pela editora Global, que vem relançado os principais livros do avô. A reação foi de orgulho. “Isso é genial. Vejo como uma consagração maior ainda para ele. O samba é super popular, tem tudo a ver com vovô”, disse.

A filha do historiador Ana Maria Cascudo lembra que a homenagem estreita ainda mais a ligação que a família tem com a terra da garoa. “É uma alegria para nós. Vamos todos assistir ao desfile em São Paulo em 2008. Nossa ligação com São Paulo é muito intensa. Papai tinha muitos amigos lá, muita gente querida. Vejo isso como uma reafirmação de que papai continua presente. Um escritor que morou toda a vida em Natal, no Rio Grande do Norte, é lembrado dessa forma sem nenhuma tentativa de pedido da família. Ainda mais em São Paulo, que é uma cidade muito valorizada pelos paulistas”, analisa.

Ana Maria ressaltou a ligação do pai com o samba e lembrou que Cascudo aborda o tema em seu livro mais famoso: o Dicionário do Folclore Brasileiro. “Papai foi considerado o papa do folclore brasileiro, pesquisou a cultura do povo, e o carnaval é a cultura do povo! Esse é mais um reconhecimento ao trabalho de todo dia. Papai gostava demais de samba, sabia toda história, o Dicionário do Folclore Brasileiro fala em samba. E existe coisa mais importante que a música para a cultura brasileira? O samba está na pele do povo. E essa homenagem manifesta a presença constante de papai. É como se os 20 anos de encantamento dele não tivesse acontecido”, afirmou.

O tema é:

UM VÔO DA ÁGUIA COMO NUNCA SE VIU
TAMBÉM SOMOS FOLCLORE DO NOSSO BRASIL
110 ANOS APRENDENDO COM CÂMARA CASCUDO

O samba enredo é esse:

PRA ENCANTAR A AVENIDA
A ÁGUIA VEM MISTIFICAR
DE BOCA EM BOCA, PAI PRA FILHO
O MODO DE AGIR, SENTIR E PENSAR (Ô POTIGUAR)
CÂMARA CASCUDO MOSTROU PARA O MUNDO
O FOLCLORE POPULAR
BRASIL DA MISCIGENAÇÃO, NOSSO POVO ESTENDE AS MÃOS
VAMOS MESTIÇAR

COSTUMES DO NORDESTE... ÓXENTE, CABRA DA PESTE
VEM PRO FORRÓ DANÇAR, POEIRA LEVANTAR
MARACATU, FESTA JUNINA
BOI-BUMBÁ NO NORTE, PARINTINS, O PONTO NOBRE
PRO MAL OLHADO TEM REZA FORTE
O PAJÉ PODE SALVAR

FERRADURAS E CARRANCAS... PATUÁS
QUEM FOI QUE DEIXOU O ESPELHO SE QUEBRAR?
NO CENTRO-OESTE NÃO PESQUE SEM ORAÇÃO (PORQUE)
ASSOMBRAÇÃO VAI TE PEGAR

NO SUL BRINQUEI
DE CABRA CEGA E AMARELINHA
E REPAREI NUM LINDO CANTO QUE OUVIA
ATÉ O SACI SE ENCANTOU
NÃO É CHULA, NEM FANDANGO
E PERGUNTOU: - QUE SOM É ESSE?
QUE CADÊNCIA DIFERENTE
PROTEGIDA PELOS DEUSES
ME RESPONDA QUEM VEM LÁ
EU SOU NENÊ! DA CULINÁRIA, BATUCADA E CARNAVAL
NO SUDESTE A FESTA É PRA VALER
FOLCLORE VIVO NESSE AMANHECER

MINHA ESCOLA DE SAMBA É EVOLUÇÃO
BATERIA DE BAMBA, TOCA ATÉ JONGO E BAIÃO
A NOSSA BANDEIRA, MANTO SAGRADO
GUETO AZUL E BRANCO, MITO RESPEITADO

Serviço:

Saiba mais sobre o enredo que homenageia o folclorista potiguar Luís da Câmara Cascudo no site www.nenedevilamatilde.com

Comissão de Educação da Câmara aprova piso de R$ 950 a professores


da Folha Online
da Agência Câmara

Os integrantes da Comissão de Educação e Cultura da Câmara aprovaram na tarde desta quarta-feira a criação de um piso salarial nacional de R$ 950 para os professores da rede pública, a partir de 2010.

Se o projeto for aprovado, a União irá complementar o salários dos profissionais, em municípios e Estados que comprovarem não ter condições de arcar com o piso. Se implantado, o projeto aumentaria os salários de ao menos 1 milhão de profissionais.

Inicialmente, o Poder Executivo havia proposto um piso de R$ 850, também a partir de 2010. Outro projeto, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), propôs um piso de R$ 800 para os habilitados em nível médio e de R$ 1.100 para os habilitados em nível superior.

O projeto aprovado hoje, de autoria do deputado Severiano Alves (PDT-BA), substituiu os anteriores. Ele tramita em caráter conclusivo e em regime de prioridade, e será analisado ainda pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público, de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Nesta reunião, os parlamentares ainda rejeitaram a proposta do deputado Paulo Renato (PSDB-SP) de criar um exame nacional para os professores.
04/10/07

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34 PAÍSES ANALISADOS,BRASIL GASTA MENOS COM EDUCAÇÃO!


O Brasil é o que menos gasta com educação dos 34 países analisados por um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado ontem. O Brasil é o que apresenta o menor investimento por estudante ( primário até a universidade), gastando US$1.303 por ano (cerca de R$2.488).

Os 30 países da OCDE gastam, em média, US$7.527 (R$14.376 ). No país que mais gasta em educação, Luxemburgo, o valor chega a US$13.458 (R$25.705 ). Já no Chile, o outro país sul-americano estudado, o gasto é de US$2.864 (R$5.470).

O Brasil também apresenta a maior diferença entre os gastos por estudante no ensino fundamental e secundário, em comparação com os universitários. Enquanto o país gasta US$1.159 (R$2.213) em estudantes primários (à frente apenas da Turquia, que gasta US$1.120, o equivalente a R$2.139) e US$1.033 (R$1.973) em estudantes do antigo ginásio e do ensino médio, os gastos com estudantes universitários chegam a US$9.019 (R$17.226) por estudante, ao ano.

A proporção do PIB investida em educação (uma medida da prioridade dada ao setor) chega a 3,9% no Brasil, à frente apenas da Rússia (3,6%) e da Grécia (3,4%). Nos Estados Unidos, os gastos correspondem a 7,4% do PIB, a maior proporção, e na Dinamarca e Luxemburgo, a 7,2%. Segundo o documento, todos os países analisados aumentaram o investimento em educação.


O Globo (19/9/2007